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O brincar entre pai e filho

É indiscutível a importância do pai na vida do filho, em diversas esferas. Mas vou aqui falar especificamente do brincar, que é a linguagem universal de qualquer criança. É por meio das brincadeiras que ela se expressa, se relaciona, que ela aprende a lidar com o ambiente e que elabora suas questões internas. O brincar é um ensaio para a vida.

Se os adultos brincam com os filhos, estão participando dos momentos mais importantes e determinantes da vida deles. São momentos em que a criança está totalmente aberta e receptiva para assimilar novos aprendizados, conteúdos e valores. São momentos inesquecíveis para o filho e muitas vezes para os pais também. É só você fazer o teste: feche os olhos e tente se lembrar dos melhores momentos que você teve com seu pai em sua infância. Provavelmente se lembrará dos momentos lúdicos que tiveram juntos, por mais simples ou breves que tivessem sido.

A energia feminina e masculina é diferente, portanto, normalmente a forma de brincar da mãe e do pai também são diferentes. Enquanto a mãe costuma ser mais cuidadosa, aconchegar, brincar com mais suavidade, os pais são mais dados a aventuras, deixam brincar “perigosamente” no parquinho, subir em árvores, não ligam se a criança se suja, são mais ativos e estimulam mais a energia corporal.

E para a criança, é muito bom ter o equilíbrio destas energias ou formas diferentes de brincar em sua vida. Imagine se a criança brinca apenas com alguém que tem medo da criança de machucar   e está sempre dizendo para ela se cuidar, senão vai cair. Esta criança poderá crescer insegura, com medo de se arriscar e buscar novos desafios.  Normalmente é o pai que leva a criança para o mundo externo e a deixa correr riscos, que ensina a andar de bicicleta, empina pipas, escala morros, joga bola, corre, rola no chão e brinca de lutar. Conforme o filho vai crescendo e se tornando adolescente, ambos podem travar altas batalhas no vídeo game, computador ou até jogos de mesa e se divertir muito com isso.

Todo ato de brincar gera um vínculo. Quanto mais pai e filho brincam juntos, maior será o vínculo entre eles, maior será a confiança, companheirismo e cumplicidade.

As brincadeiras podem começar desde bebê, indo até a idade adulta, onde pai e filho ainda compartilham momentos de lazer, como pescar, jogar futebol ou praticar qualquer outro esporte, passear, jogar sinuca, jogos de cartas, etc. Os pais que tem um bom vínculo com os filhos adultos, normalmente são os que tiraram o tempo para brincarem com eles durante toda a sua infância e adolescência.

É importante que os momentos de brincadeira sejam prazerosos para ambos, não se configurando apenas como uma obrigação. Se o pai realmente não gosta de determinada brincadeira, pode propor outras que lhe são mais agradáveis, até que juntos, pai e filho descubram a atividade preferida de ambos.

Que o pai realmente mergulhe de corpo e alma na brincadeira, se permitindo deixar as preocupações e outras atividades de lado, divertindo-se e desfrutando plenamente daqueles instantes preciosos com seu filho.   Nenhum outro momento de qualidade é mais efetivo e marcante, do que momentos de diversão vividos juntos. 

O que não devemos falar aos nossos filhos

pai e filhos

 

Assim como o nosso exemplo tem um grande impacto sobre a vida de nossos filhos, o que dizemos também pode influenciar positivamente ou negativamente na formação de sua personalidade. Se palavras já tem um grande peso para nós adultos, imagine para as crianças, que são seres no início de sua formação. Aqui estão algumas dicas do que NÃO se deve fazer ou dizer à criança:

Não diga que a injeção não vai doer, porque você sabe que vai doer. Diga então que será rápido ou apenas uma picadinha, mas jamais a engane.

Não rotule seu filho de chato, burro, pestinha, lento, desorganizado,    “avoado” ou qualquer outro adjetivo negativo, mesmo brincando. Senão poderá fazer com que ele se torne realmente isso.

Não compare a criança com os irmãos ou outras crianças, diminuindo-a. Além de fazer mal à sua autoestima, ela aprenderá a se comparar constantemente com os outros não se valorizando pelo que ela é.

Não diga coisas que sabe que não vai cumprir, tanto castigos como recompensas. Ela aprenderá que a tua palavra não tem valor algum.

Não ria dos erros da criança. Isso pode constrangê-la e prejudicar   o desenvolvimento saudável.  Mostre que você a compreende e acolhe, dando espaço para que ela exercite determinada habilidade até aprendê-la.

Não diga apenas sim. Quando for preciso,    o “não” deve ser falado também. Os limites são necessários e dão segurança à criança.

Não mande a criança parar de chorar. Ela precisa colocar para fora a sua frustração. Pergunte o motivo do choro ou apenas peça que mantenha a calma, ensinando-a assim a lidar com suas emoções. Se perceber que ela está fazendo birra, deixe-a sem atenção por um tempo e diga que voltarão a conversar quando ela se acalmar.

Não diga palavrões. Seu filho vai repetir as mesmas palavras que ouvir de você.

Não diga mentiras, nem mesmo as “mentirinhas inocentes”.  Além de a criança aprender que não pode confiar no que você diz, também aprenderá a mentir.

Não diga que foi apenas um pesadelo e mande voltar para a cama. Crianças pequenas têm dificuldade de separar o mundo real do imaginário e precisam de acolhimento nesta situação. Acalme seu filho e leve-o para a cama, fazendo companhia até ele adormecer ou se sentir seguro.

Nunca diga que vai embora  quando a criança desobedeceu ou algo te desagradou.  Este tipo de ameaça e chantagem geram uma insegurança muito grande na criança.

Não ameace dizendo para não ir ali porque tem “bicho papão” ou que se desobedecer vai chamar determinado monstro ou homem assustador. Isso vai desenvolver um medo desnecessário na criança, que pode vir a aumentar.

Depressão Infantil

depressão infantil

Por mais que se pense ao contrário, as crianças e adolescentes também sofrem de depressão. O Transtorno Depressivo Infantil  pode influenciar de maneira significativa  na vida diária e é capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir no seu processo de maturidade psicológica e social. A depressão na infância geralmente se manifesta de forma diferente do que nos adultos. Nem sempre ela vem acompanhada de sinais evidentes de tristeza e apatia, por isso às vezes há demora para diagnosticá-la, o que contribui para seu agravamento.

Principais sintomas sugestivos de depressão infantil:
  • Mudanças de humor;
  • Diminuição da atividade e do interesse;
  • Queda no rendimento escolar, perda de atenção;
  • Distúrbios de sono;
  • Aparecimento de condutas agressivas;
  • Auto-depreciação, baixa auto estima;
  • Perda de energia física e mental;
  • Queixas somáticas (dor de cabeça, tonturas, cólicas intestinais, etc.);
  • Fobia escolar (cria desculpas para não ir à escola);
  • Perda ou aumento de peso e/ou de apetite;
  • Cansaço matinal;
  • Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil);
  • Negativismo e pessimismo;
  • Sentimentos de rejeição;
  • Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama);
  • Condutas anti-sociais e destrutivas;
  • Ansiedade e hipocondria (medo de ter doenças).

Não é necessário que a criança tenha todos os sintomas descritos acima, para que se caracterize como depressão. Dependendo da intensidade, pode haver por exemplo,  desinteresse pelas atividades rotineiras, queda do rendimento escolar e da atenção e hipersensibilidade emocional. Outras vezes se caracteriza mais por sintomas físicos. Comumente surgem preocupações típicas de adultos, tais como a respeito da saúde, estabilidade financeira dos pais, medo da separação e da morte e ansiedade.

Nem sempre uma criança triste ou que apresente alguma característica citada acima, está com depressão. Às vezes ela está apenas reagindo a algum episódio que lhe causou tristeza ou stress e que vai passar com o decorrer do tempo, dependendo de como ela aprende a lidar com o seu problema. Alguns sintomas também fazem parte das etapas normais de desenvolvimento da criança e principalmente, do adolescente. Por isso não se pode fazer um diagnóstico precipitado. Mas se os sintomas se prolongam, ou começam a afetar demais o dia a dia, é necessário procurar uma ajuda profissional, pois eles tendem a se agravar. E uma criança com sintomas depressivos, tem muito mais chances de desenvolver depressão  na fase adulta.