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Veneno emocional

 

Mágoas, raiva. Quando guardamos sentimentos ruins, eles vão inflamando e causando uma infecção emocional. Tudo o que nos acontece, vamos absorvendo e por algum lugar tem que sair.  Aí normalmente se desenvolvem os sintomas emocionais ou físicos.            Ou seja, produzimos o nosso próprio veneno!
Apenas falar o que incomoda para desabafar não adianta. Existem pessoas que ficam falando por anos sobre o mesmo assunto, mas não o resolvem de fato. Estão apenas compartilhando sua frustração e não com a intenção de curar a ferida. Ao relembrar e falar constantemente, acabam retroalimentando e solidificando aquilo ainda mais em sua mente, além de se tornarem um fardo para os outros.

O que fazer então?

Para sarar é preciso desabafar uma última vez,  buscando a cura e de forma que não cause dano aos outros. Desabafar, com a real intenção de buscar solução e se ver livre de tais sentimentos e não simplesmente descarregar a ira ou ficar no papel de vítima.

Existem técnicas que podem ser utilizadas, como por exemplo escrever uma carta para a pessoa que te feriu, mas sem necessariamente enviá-la. Depois ler em voz alta e queimar esta carta, como um símbolo de que já não quer mais carregar este peso.
Falar com uma cadeira vazia, fazendo de conta que a pessoa está ali.
O desabafo não é para a outra pessoa, é para nós mesmos. Se depois deste desabafo simbólico ainda surja a necessidade ou a oportunidade de falar diretamente com a outra pessoa, em geral já se consegue fazê-lo sem o rancor de antes. Isso possibilita uma conversa que edifique o relacionamento e não que o destrua ainda mais. Se não estamos armados com a nossa raiva e amargura, o diálogo tende a ser bem melhor.

Caso os sentimentos ruins ainda persistam, talvez você deva considerar fazer uma psicoterapia, que é um espaço seguro onde se pode desabafar sem ser julgado.
Com as técnicas adequadas, esta carga emocional vai sendo limpa, de modo que o fato acontecido se torne apenas mais uma experiência na tua vida, mas que já não te perturba mais.

O dom de ser feliz

A felicidade não é um momento de euforia e nem a realização de desejos. Tudo isso é bom e prazeroso, mas tem curto prazo de duração.
A real felicidade é muito mais profunda e constante. É um estado interno de paz e plenitude.

Segundo autores de Psicologia Positiva, nossa felicidade é composta pela chamada “Tríade da Felicidade”. É quando o nosso dia a dia é repleto de elementos que nos são agradáveis, que nos cativam e que fazem sentido para nós.

Fazer algo agradável é fazer o que nos faz sentir bem. É poder vivenciar muito mais as emoções positivas, como amor, alegria, esperança e inspiração, do que emoções negativas como medo, tristeza e raiva. No ambiente de trabalho por exemplo, isso equivale a utilizar apenas 25% do tempo com aquelas atividades que não são tão prazerosas, mas que precisam ser feitas, e 75% do teu tempo executando atividades que realmente lhe dão prazer.

Fazer algo cativante é que dá vontade de repetir várias vezes. Consiste em buscar experiências onde atingimos um estado chamado de flow, ou seja, onde o corpo e a mente fluem de uma forma totalmente harmoniosa. Podemos dizer que é a concentração total em uma atividade, seja ela física, mental, intelectual, artística, musical, social, religiosa, entre outras.
É o que fazemos com prazer e naturalidade, nos sentindo motivados e energizados.

Fazer algo com sentido é fazer o que tem significado um propósito maior e que aquece o nosso coração. É estar engajado a uma causa maior, seja ela social, espiritual, política, etc. Tem muito a ver em servir ao outro com o seu dom. É quando encontramos um sentido, um propósito para nossa existência.

Se sua vida diária é repleta destes três elementos, que envolvem engajamento, experiências de fluxo e de significado, você está a caminho de uma vida plena e feliz!

O vício de deixar a felicidade para depois

Muitas vezes vivemos como se tudo dependesse de algo que não pode ser encontrado no agora, mas só no depois. Nos convencemos de que temos que esperar para realizar nossos sonhos ou para sermos felizes. Esperar se formar, esperar casar, esperar ter mais dinheiro, esperar mudar de casa, esperar o filho nascer, esperar o filho crescer, esperar emagrecer, esperar se separar…  Estamos à espera do momento perfeito para fazer o que quer que seja na nossa vida. E assim vamos empurrando nossos planos para depois… E o pior é que normalmente quando a tão sonhada situação chega,  acreditamos que aquilo não era o suficiente e criamos outra busca pelo momento perfeito, que talvez nunca chegará.

Esta espera pode apenas estar escondendo nosso medo de errar, de se arrepender, de arriscar, de fracassar, de fazer papel de bobo, de não ser aceito, de não ser o que se imaginava. E assim vamos postergando a vida, como se tudo só fizesse sentido no depois. Racionalizamos demais, esperamos demais, calculamos demais e vivemos de menos. O tempo vai passando e deixando para trás todos os sonhos que a gente sonhou.

Não deveríamos esperar o “posso fazer” se transformar em “poderia ter feito”.  Não precisamos deixar a vida passar, para nos arrepender do que não fizemos, para entender o quanto certos momentos e pessoas eram especiais e não desfrutamos. Não precisamos esperar nos arrepender pelos abraços que não demos, palavras que calamos, portas que não abrimos, caminhos que não exploramos; para entender o quanto o momento “agora” é especial, único e passa num piscar de olhos.

O futuro ainda não existe e nem sabemos se vai existir, pois não temos controle nenhum sobre ele. Então porque deixamos os nossos planos e nossa felicidade sempre nas mãos do futuro? O único momento real é o momento presente e é só nele que podemos fazer algo. É no agora que vivemos, construímos e crescemos. A vida bem vivida é uma construção de vários pequenos detalhes que fazem parte do nosso dia a dia.  É a nossa trajetória, com todas as suas delícias, dores, medos, descobertas, erros, aprendizados e conquistas, mas é no hoje.  É o vivenciar a vida e ao mesmo tempo construí-la.

Seremos bem mais realizados se encararmos cada novo dia como uma oportunidade de recomeçar, de agir e de celebrar. Vamos tirar nossos projetos da gaveta e começar a colocar em prática! Vamos viver o momento presente com as melhores roupas, os melhores talheres, as melhores pessoas, as melhores palavras, os melhores pensamentos e melhores vivências que podemos ter. Vamos deixar de esperar por algo extraordinário e perceber que na verdade a vida plena é feita das coisas simples mas verdadeiras, que estão ao nosso redor aqui e agora!

Dependência emocional

O dependente emocional é também chamado de codependente. É aquela pessoa que deixa constantemente o comportamento de alguém outro afetá-la e é excessivamente preocupada com ela. São pessoas geralmente generosas, carinhosas, que se doam e estão sempre dispostas a ajudar e a “salvar” alguém.  O bem estar dos outros costuma ficar acima do próprio bem estar.  Os codependentes podem ser chamados de controladores ou manipuladores pelos demais porque às vezes insistem que o outro mude, achando que determinado comportamento não está lhes fazendo bem.  O seu “controle” é no sentido de procurar fazer com que as pessoas em volta fiquem felizes e fazem de tudo para que isso aconteça, esquecendo-se do que elas mesmas querem. E se não conseguem fazer o outro feliz, podem ainda se sentir culpadas por isso.

A grande dificuldade dos codependentes é que eles não conseguem saber o limite neste cuidado e preocupação com o outro e então negligenciam a si próprios, muitas vezes sem tomar consciência disso.  Se focam tanto em agradar o outro que se esquecem de si mesmos gerando uma grande insatisfação interna. Acabam se ressentindo e muitas vezes esperando dos outros o mesmo cuidado e preocupação. Esperam que eles adivinhem ou perguntem o que ele quer, o que não acontece. Estão eternamente insatisfeitas porque se doam demais e nunca tem as próprias necessidades satisfeitas, entrando muitas vezes, no papel de vítimas.

 Algumas características dos codependentes são:

  • Dificuldade em dizer “não” e em estabelecer limites;
  • Medo de não ser aceito ou de magoar o outro;
  • Medo de parecer mau ou egoísta;
  • Achar que é sua responsabilidade fazer a relação dar certo;
  • Dificuldade em pedir ajuda;
  • Sente-se responsável em ajudar e cuidar dos outros;
  • Muitas vezes se une à pessoas com algum tipo de vício, dificuldade emocional, psiquiátrica ou física e se sente responsável em cuidar dela;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldade em identificar seus próprios sentimentos e desejos;
  • Dificuldade em desfrutar de um tempo sozinho, fazendo algo que goste.
  • Necessidade em dar palpites e conselhos;

O codependente normalmente tem dificuldade em fazer escolhas saudáveis e mutuamente satisfatórias para as relações interpessoais.  Assim tende a entrar em relacionamentos unilaterais ou abusivos, tanto para amizades como para parceiros amorosos.      É presa fácil para as pessoas narcisistas, egoístas, egocêntricas. Costumam se doar e se sacrificar, sentindo um intenso desgaste emocional, já que não recebem em troca na mesma proporção. No entanto tem muito medo de ficar sozinhos, caso saiam desta relação.

Quebrar este padrão disfuncional da codependência não é fácil, já que costuma estar muito enraizado, muitas vezes tendo sido desenvolvido desde a infância. Em primeiro lugar é preciso  identificar suas necessidades e sentimentos, dar valor a eles e conseguir comunicá-los para os que o cercam.  Conseguir dizer “não” diante de um comportamento não aceitável ou quando não quer fazer algo. Começar a priorizar e a cuidar de si mesmo. Ajudar o outro somente quando ele realmente quer ou pediu por esta ajuda e sem se sacrificar com isso. Tirar de si a responsabilidade de mudar o outro ou de fazê-lo feliz. Não buscar a felicidade fora, mas saber que só posso mudar a mim mesmo e sou o único responsável pela minha própria felicidade!

Você se auto sabota?

Muitas vezes nós somos os grandes culpados por nossa saúde emocional estar debilitada. Vou citar aqui, três exemplos:

– Pensamentos recorrentes em relação ao passado. Se você fica o tempo todo se arrependendo de como agiu ou pensando no que poderia ter sido se teu passado fosse diferente, você está em uma grande armadilha emocional. Afinal, o passado você não muda mais, até porque ele não existe mais, como o nome diz, já passou. Consequentemente, não adianta ficar pensando nele, exceto para aprender com os erros e amadurecer emocionalmente a partir deles. Acolha seu passado, perdoe a si mesmo e aos outros que fizeram parte dele, aprenda o que tiver para aprender, assimile o que precisar, mas aí largue-o. Reconheça que você provavelmente fez o melhor com o arsenal emocional que você tinha na época. Se hoje você faria diferente, que bom, sinal que você amadureceu! Só volte ao passado para boas recordações ou aprendizados, mas não para remoer ou se culpar. Quando a culpa do passado insistir em voltar, policie-se e desvie-se imediatamente destes pensamentos sabotadores.

– Comparar-se aos outros. Enquanto você olha para os outros, você não desenvolve a si mesmo. A única comparação útil é com você mesmo, vendo o quanto você já evoluiu, cresceu e aprendeu ao longo dos anos. Você pode até olhar para algumas pessoas para se inspirar, motivar, pensando que se eles conseguem, você também pode conseguir. Mas você é um ser único e singular. Nem sempre o que funcionou para o outro, vai funcionar para  você  da mesma maneira. Valorize a tua história de vida, quem você é. Pegue o que você tem, com o seu jeito de ser, à sua maneira, para começar a conseguir o que você quer. Para isso é importante estar alinhado com teus valores, descobrir a tua missão neste mundo.

– Medo. Muitos deixam de fazer as coisas por medo de serem criticados, julgados, de não serem bons o suficiente. Medo de errar, medo de não conseguir, medo de não ser amado…  Ao contrário do que muitos pensam, o medo é um mecanismo de proteção, natural ao ser humano. Não há como exclui-lo de nossas vidas, ele sempre vai nos acompanhar. No entanto nós podemos escolher se deixamos este sentimento nos dominar e nos paralisar ou se agimos apesar dele. A coragem não é a ausência de medo, mas é agir, apesar dele. Devemos acolher este medo e deixa-lo ir diminuindo aos poucos. Normalmente o primeiro passo é assustador, mas depois dele vai-se adquirindo segurança e autoconfiança e ficando cada vez mais fácil. Enquanto que se não dermos o primeiro passo, o medo dificilmente passará sozinho.

 

Quando nossas emoções adoecem nosso corpo

doenças psicossomáticas

Podemos adoecer fisicamente, por questões emocionais não resolvidas ou com as quais não estamos conseguindo lidar.  Sendo assim, em maior ou menor intensidade, provavelmente todos nós já somatizamos ou psicossomatizamos em algum momento.

Na somatização, apesar dos sintomas físicos, não existe uma doença orgânica. Este quadro pode se apresentar da maneira mais simples, como por exemplo uma dor de barriga antes de uma prova, dor de cabeça após uma discussão, dor nas costas após um momento tenso, etc. Mas pode também apresentar sintomas muito mais complexos, como os que aparecem no transtorno de pânico, por exemplo. Neste caso, a pessoa pode sentir taquicardia, sudorese, tremores intensos e chegar a achar que está tendo ataque cardíaco ou  que vai morrer.  No entanto, os exames clínicos não apontam nenhuma anomalia física. Normalmente esta pessoa costuma fazer uma peregrinação por médicos, pronto socorros e exames diversos, até chegar a um diagnóstico correto.

Já no caso das doenças psicossomáticas, chegam a existir alterações clínicas e laboratoriais. A doença é orgânica mas tem causas emocionais. Emoções e sentimentos nocivos e não resolvidos podem interferir no nosso sistema imunológico, prejudicando as defesas naturais do nosso corpo, permitindo o aparecimento das mais diversas doenças, tais como gastrite, psoríase, alergias, infecções, etc.

Não dá para separar o nosso corpo e nossa mente. Não existe esta dualidade, pois somos a soma de todos os nossos aspectos: físico, emocional e espiritual. A nossa mente reflete no nosso corpo e vice-versa. Quando estamos apresentando sintomas físicos recorrentes, devemos nos perguntar se há algum aspecto emocional não resolvido em nossa vida, como conflitos, perdas, falta de perdão, raiva, medo, culpa, ressentimento, insatisfação com o trabalho, casamento…   Neste sentido, o sintoma tem a função de nos alertar e mostrar  que algo não está bem ajustado. É o momento de escutarmos nosso corpo e procurarmos a real causa de nossas dores. Caso contrário, estaremos somente fazendo paliativos, sem chegar à solução.

Quando procurar um psicólogo?

Quando procurar um psicólogo

 

Algumas pessoas ainda tem a ideia inadequada de que só vai ao psicólogo quem é considerado “louco”. Este é um pensamento equivocado, uma vez que quem recorre a este tipo de tratamento precisa estar em plenas condições mentais para que passe por este processo de auto-conhecimento que a psicoterapia lhe proporciona. Procurar um psicólogo não significa que a pessoa é incapaz de se cuidar, mas sim que teve a coragem de admitir que precisa de ajuda ou que quer resolver seus conflitos e abrir possibilidades para novos caminhos.

Razões que podem levar uma pessoa a procurar uma psicoterapia:
  • Quando se sente infeliz, irritado, ansioso e não conhece as causas ou não consegue resolvê-las sozinho;
  • Quando atribui aos outros responsabilidades que são suas, quando sempre está no papel de vítima, sentindo-se um injustiçado ou mal amado;
  • Quando se tem pensamentos e/ou lembranças do passado que o incomodam ou influenciam na vida atual;
  • Quando se percebe que às vezes tem mudanças na personalidade que o prejudicam nos relacionamentos com os outros, com o seu trabalho ou com algum tipo de situação específica;
  • Quando existem muitos conflitos no casamento, no relacionamento familiar, relacionamento com filhos, no trabalho, na escola, etc e a pessoa não consegue resolvê-los;
  • Quando sofre de insônias, impotência sexual, freqüentes dores de cabeça, estômago e outros sintomas físicos. Nesses casos a pessoa pode estar somatizando, ou seja, passando para o corpo, sintomas que tem raízes emocionais.
  • Quando a pessoa está passando por um momento crítico em sua vida e que alterou seu equilíbrio emocional, como por exemplo, perda do emprego, gravidez ou nascimento de um filho, luto, stress, doença própria ou de alguém na família, etc.
  • Quando há um relativo desconforto emocional, nada parece estar bom. Quando se preocupa demais com o que os outros vão pensar.
  • Quando quer simplesmente se entender, se conhecer melhor ou aperfeiçoar/desenvolver alguma habilidade específica.

Estes são apenas alguns exemplos de quando se pode procurar uma ajuda psicoterapêutica. Alguém pode argumentar: “Mas o psicólogo não vai resolver o meu problema” ou “o que já aconteceu, ninguém vai mudar”. Muitas vezes isso é verdade. No entanto, a psicoterapia fará com que o indivíduo além de descobrir caminhos alternativos, passe a enxergar o problema de uma outra maneira, sem tanta dor, fazendo com que consiga lidar melhor com a situação. O processo terapêutico proporciona um auto-conhecimento e um enriquecimento da personalidade, fortalecendo a auto-estima e o bem estar. Muitas vezes a pessoa se liberta de um passado opressor que guardou dentro de si, para viver bem com o seu presente e construir melhor ainda, o seu futuro.

Liberdade de ser

A liberdade é conquistada e descoberta quando mergulhamos em nossa própria essência. Quando descobrimos quem somos e quem queremos nos tornar. Quando conseguimos olhar além dos limites impostos através do olhar do outro. Quando conseguimos nos desvencilhar de nossos traumas, crenças limitantes e amarras emocionais que nos prendem.   Aí sim, nos tornamos livres para ser nós mesmos! 

Consultorio de Psicologia - Anne Betina